Um novo estudo denominado monarchE realizado por pesquisadores de vários países, incluindo o Brasil, mostrou que a combinação do medicamento oral Verzenios (abemaciclibe), utilizado para tratamento de câncer de mama, adicionado a um tratamento de bloqueio hormonal pode reduzir o risco de recorrência do câncer de mama em até 25%.
Os resultados foram apresentados hoje no Simpósio Presidencial do Congresso Virtual da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) 2020 e publicados no Journal of Clinical Oncology.
O monarchE chegou a fase 3 e avaliou os efeitos de dois anos de tratamento com abemaciclibe, adicionado à terapia do bloqueio hormonal, que é um tratamento para diminuir ou bloquear completamente a função dos hormônios femininos no corpo da mulher.
Esse tipo de tratamento hormonal costuma gerar sintomas semelhantes aos da menopausa. "Esse estudo é extremamente importante porque ele aponta numa direção da gente ter, efetivamente, um tratamento que pode diminuir o risco de recorrência para paciente que, de fato, a gente hoje se preocupa e faz o melhor tratamento disponível, e mesmo assim, muitas vezes, a gente tem a recorrência", explica Laura Testa, médica oncologista na Oncologia.
Como foi feito o estudo?
E quais foram os resultados até agora?
As pacientes que fizeram esse tratamento adicional tiveram uma recorrência da doença 25% a menos do que as que seguiram o tratamento padrão.
A adição de abemaciclibe à terapia hormonal também resultou em uma melhora no tempo que o câncer leva para se espalhar para outras partes do corpo. A combinação reduziu o risco de desenvolver doença metastática em 28%, com as maiores reduções ocorrendo nas taxas de metástases para o fígado e osso.
"Mudou o tratamento das pacientes que já tem metástase, então é uma classe muito importante de tratamento. Esse é o primeiro dado de que essa mesma classe de medicamento também serve para diminuir o risco da doença metastática aparecer. Essa é a importância do estudo", comemora Testa.
As taxas de sobrevida livre de doença a longo prazo em dois anos foram de 93,6% no tratamento com abemaciclibe e 90,3% no tratamento comum.
"A gente tem a esperança de que esses dados fiquem cada vez mais robustos com o passar do acompanhamento do estudo. E esse estudo vai continuar fornecendo dados de recorrência, de como essas pacientes estão indo com esses remédios. É uma esperança a mais. É mais uma arma que a gente vai poder olhar para frente no futuro e ver que está fazendo a diferença para essas pacientes", finaliza a oncologista.